Lenda da
Coelha de Páscoa de uma Creche de Taguatinga
Quando eu
morei em Brasília conheci um causo de Páscoa muito interessante.
Reza a lenda
que nos anos setenta morava em Taguatinga, cidade satélite de Brasília, uma
menina apelidada de Dolly, que tinha características físicas muito diferentes,
pois era albina e tinha os dentes da frente um tanto maiores do que a maioria
da população.
Quando esta
garota entrou na escola, logo começou o bullying. Pois os colegas chamavam a
pobre de dente de coelho. O problema aumentava, na Páscoa, porque as outras
crianças chamavam Dolly de Coelho da Páscoa o tempo inteiro.
Na adolescência,
ela chorava muito porque pensava que nunca conseguiria um namorado. Até que um
dia, mudou-se um moço, chamado Robson, para o bairro onde ela morava e passou a
paquera-la. Deste jeito, ela aceitou namorar o rapaz.
No dia dos
namorados, Dolly decidiu pular a janela do quarto do amado para fazer uma
surpresa. Porém ela se assustou com o ambiente, pois o tema da decoração era:
coelho. Existiam almofadas com a estampa deste animal, abajur com desenho deste
bicho, pelúcias deste tema por toda a parte e várias revistas Playboy.
De repente,
Robson chegou e assustou-se ao ver a amada chorando:
- O que você
está fazendo aqui?
A moça
perguntou:
- Por que o
tema da sua decoração é coelho?
O rapaz
falou:
- Confesso
que é porque tenho ejaculação precoce e me sinto um coelho.
Ao escutar
estas palavras, Dolly saiu correndo e fugiu para sua casa.
Um mês
depois, Robson fez uma serenata pedindo desculpas. Assim os dois se casaram e
tiveram uma filha chamada Patrícia.
Na semana
santa de 1984, Patrícia viu sua mãe chorando e perguntou-lhe:
- Por que
está chorando?
A senhora
respondeu:
- É porque
na época de Páscoa, lembro-me de que as outras crianças me chamavam de Coelho
da Páscoa por causa dos meus dentes da frente que são grandes.
A garota
comentou:
- Não fique
triste por causa disto. Eu até tive uma ideia: a creche da cidade está
precisando de alguém para fazer o papel de Coelhinho da Páscoa. Mas as roupas
brancas que recebemos para este personagem são número 54 e não servem para
nenhuma voluntária porque todas são magras. Por isto tive a ideia da senhora
fazer este papel, já que cabe na fantasia.
Dolly além
de aceitar vestir as roupas de coelho, também doou vários ovos de Páscoa.
Então, a partir deste momento, esta moça
passou a doar chocolates e a se vestir de coelho, em toda a Páscoa, para
visitar a creche.
Em 1987, ela
faleceu de Câncer. Porém, na Páscoa de 1988, em Taguatinga, pessoas passaram a
ver uma mulher vestida de coelho deixando vários chocolates em frente à creche.
Reza a lenda que isto acontece até hoje e por isto este estabelecimento recebeu
o apelido de A Creche do Coelho.
Luciana do
Rocio Mallon
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