Como Me Tornei uma Escritora Trash
O termo trash, no
dicionário formal da Língua Inglesa, significa lixo. Mas, na gíria, quer dizer
arte de qualidade duvidosa. Temos como exemplos: escritores de terror, filmes
de horror, paródias, programas de auditório estilo Casos de Família, pessoas
que não sabem cantar e postam suas vozes na Internet, etc.
Sempre admirei a arte trash por estar, intimamente, perto
das pessoas mais simples. Em toda a minha vida curti livros de horror, filmes
de terror e paródias cômicas, estilo Stephen King, Zé do Caixão e a banda
Mamonas Assassinas. Através deles descobri que o artista que mistura causos que
o povo conta com a sua própria imaginação é um forte candidato a ser um autor
trash. Na infância, minha mãe não gostava de contar contos-de-fada porque ela
preferia falar sobre lendas urbanas, como exemplos: loira do táxi, cachorro do
Drácula, boto cor-de-rosa, igreja dos exorcistas, etc.
Confesso que, conforme a oportunidade, procuro ler
escritores que exageram nas linguagens rebuscadas, nas metáforas e que são
elogiados por apenas meia dúzia de intelectuais. Porém, na verdade, nunca fui
fã destes tipos de obras, consideradas chiques, porque creio que exista nelas
uma pitada de arrogância.
Já, as obras consideradas trash são humildes porque levam em
consideração a cultura popular do povo simples e a linguagem usada é a do
dia-a-dia.
Os escritores trash desejam que, realmente, pessoas de todas
as classes sociais e com diversos problemas consigam ler seus livros. Por isto,
seus artigos são repletos de conjunções que tem como objetivo fazer a coerência
e coesão dos textos, sem falar que os diálogos entre os personagens possuem
vocativos para que o leitor, por mais experiente que seja, nunca se perca.
Eu sou “rapista”, uma mistura de repentista com rapper, pois
faço poesia na hora com a palavra que a pessoa sugerir. Nos anos 90, num dia de
primavera, eu estava exercendo esta atividade na praça e uma senhora disse-me:
- Você com esta agilidade toda e com esta voz de taquara
rachada é tão ruim, que chega a ser boa como uma verdadeira obra de arte trash.
A partir daquele momento, passei a pesquisar melhor sobre o
assunto e decidi:
- Quero ser escritora trash.
O tempo passou e hoje sou pesquisadora de lendas. Assim, para
realizar a minha obra, vou atrás de causos que o povo conta e misturo um pouco
com a minha imaginação. Na linguagem escrita procuro usar muitas conjunções e
vocativos com o objetivo de facilitar a leitura das pessoas mais humildes da
nossa sociedade.
Luciana do Rocio Mallon
Nenhum comentário:
Postar um comentário