A Importância das
Lendas Para a Cultura
Meu nome é Luciana do
Rocio Mallon, sou repentista, bailarina, escrevi os livros Lendas Curitibanas I
e Lendas Curitibanas II. Porém pesquiso causos populares do mundo inteiro.
O
dicionário define Lenda como mitos e causos que são contados de geração em
geração. Mas, na realidade, o significado desta palavra vai além desta mera
definição.
Eu me interesso por Lendas Urbanas desde os seis
anos de idade, pois minha família tem o costume de conta–las para as crianças.
Eu não gostava quando liam contos infantis tradicionais, como: Branca de Neve,
Cinderella, A Bela Adormecida e Rapunzel. Pois o final era sempre o mesmo: as
moças casavam com um príncipe no final. Então, eu perguntava:
- Por
que elas se casam sempre com um príncipe do final?
- Por
que as heroínas sempre são princesas, se não vivemos numa monarquia?
- Por
que existem poucos elementos de suspense nestes contos infantis?
Desta
maneira, pedia para as mulheres contarem lendas de suspense. Assim, eu sugeria:
- Quero
ouvir contos sobre: Cachorro do Drácula, Saci-Pererê, A Mula-Sem-Cabeça, Maria
Bueno, etc.
Aos
onze anos, de idade, descobri uma espécie de porão que havia na casa da minha
avó materna. Um dia entrei, às escondidas, lá e descobri que meu falecido bisavô
Torres estudava os mitos da cidade de Curitiba. O tempo passou e no final dos
anos 90 fui trabalhar no comércio. Lá, eu precisava fazer as fichas das
freguesas. Deste jeito, eu aproveitava a oportunidade para fazer as seguintes
perguntas a toda cliente:
- Seu
bairro tem alguma lenda?
- Na
sua região há causos de fantasmas?
Deste
jeito, eu sempre descobria alguma estória e anotava no meu caderno.
Em
2002, precisei fazer curso de Informática básica, porque o mercado de trabalho
exigiu, e a professora descobriu que eu escrevia lendas. Desta forma, ela disse
que seria interessante eu colocar os causos num blog gratuito. Então postei
meus textos no site Usina de Lendas. Através destes contos, pessoas do mundo inteiro,
entraram em contato comigo e contaram causos de suas regiões.
Antigamente as pessoas de uma determinada região possuíam uma autoestima
elevada. Pois, naquela época, havia o costume das pessoas se reunirem em torno de
uma fogueira prestando atenção na matriarca que contava lendas. Infelizmente,
pouco a pouco, esta tradição perdeu-se e é preciso resgata-la de alguma maneira
.
No Brasil há muitos bairros e cidades que possuem nomes nas tradições
indígenas. Exemplos: Aqui em Curitiba, há um bairro chamado Tatuquara que
significa buraco do tatu e sua origem é uma lenda de um índio se transformava
em tatu. Também existe um bairro chamado Juvevê, que significa planta do fruto
espinhoso, em tupi-guarani, e dizem que surgiu do corpo de uma índia que foi
enterrada.
Há uma relação milenar entre Histórias em Quadrinhos e Lendas, pois na
época das Cavernas o ser humano observava a natureza e desta observação surgiam
estórias, que eles desenhavam nas cavernas, que eram as pinturas rupestres.
Uma característica interessante das lendas mais antigas é que elas se
modificam com o passar do tempo. Pois existe um fenômeno chamado, “Telefone Sem
Fio”, onde os causos que passam de boca em boca vão se modificando com a
interpretação de cada pessoa e se adaptando com as mudanças tecnológicas. Por
exemplo: A Lenda da Loira da Carroça de Aluguel onde o fantasma de uma jovem de
cabelos dourados, que no século pedia para o cocheiro parar em frente ao
cemitério transformou-se na Lenda da Loira do Táxi no século vinte. Pois
cocheiros deixaram de existir.
As Lendas são importantes porque: resgatam a autoestima de uma região,
incentivam a criatividade, aguçam a imaginação, explicam as origens de muitos
lugares, aproximam as pessoas e mexem com o inconsciente coletivo.
Luciana do Rocio Mallon